Delegado classe especial José Brandini Júnior foi afastado do cargo após investigação ligá-lo a esquema de RGs falsos com o PCC
Além das empresas e da área rural de grande porte, o policial civil é dono de um conjunto comercial em Moema, bairro nobre paulistano, onde possui uma dívida de IPTU no valor de R$ 12.507,76, conforme documento do Departamento Fiscal da Prefeitura de São Paulo. Em 14 de novembro, José Brandini foi citado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) a pagar o valor, sob o risco de ter bens penhorados.
O documento chegou à caixa de correio do endereço comercial do delegado 10 dias depois. Essa era a mais recente atualização do processo disponível, até a tarde de domingo (22/12). O imóvel com o IPTU atrasado está avaliado em mais de R$ 1 milhão.
José Brandini Júnior foi procurado pelo Metrópoles, sem sucesso. O espaço segue aberto para manifestações.
Fazenda de grande porte
A fazenda do delegado afastado é considerada de “porte demais” na Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), do governo federal (veja galeria acima).
Ou seja, o CNPJ da fazenda São José é de uma empresa que ultrapassa o limite de faturamento anual de R$ 4,8 milhões, tirando-a do Simples Nacional. Isso significa maior carga tributária.
R$ 200 mil guardados em casa
Segundo apurado pelo Metrópoles, José Brandini Júnior estaria envolvido em um esquema fraudulento, envolvendo RGs, com a maior facção criminosa do Brasil.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota encaminhada à reportagem, na manhã de sábado (21/12), que mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa do delegado divisionário, no dia anterior, por policiais da Corregedoria da Polícia Civil.
O afastamento do delegado classe especial, enfatizou a SSP, resulta de uma investigação na Polícia Civil para combater crimes e desvios de conduta de seus membros.
Crise institucional
O afastamento do delegado José Brandini foi o terceiro anunciado na última semana.
A decisão ocorreu após o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, em delação ao MPSP, afirmar que o advogado Ramsés Benjamin teria se apresentado como pessoa próxima ao diretor do Deic, afirmando que, por R$ 5 milhões, o nome do delator seria retirado da investigação sobre o assassinato de dois membros do PCC.
Fabio Caipira negou qualquer relação com Gritzbach e acrescentou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu afastá-lo por estar “incomodado” com a pressão sobre a Polícia Militar, resultante de episódios recentes de violência de seus membros, e da prisão de policiais civis, na terça-feira da semana passada (17/12), suspeitos de envolvimento com o crime organizado.
Por causa de um desses policiais civis presos, mencionados pelo diretor do Deic, a corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, pediu para ser afastada do cargo. Ela é tia do chefe de investigações Eduardo Monteiro, preso sob a suspeita de envolvimento com o PCC.
Ele falava, segundo investigação da Polícia Federal, não temer ser preso, justamente por causa do parentesco com a número 1 do órgão fiscalizador da Polícia Civil.
A ex-corregedora não foi localizada para comentar a situação. O espaço segue aberto.